Programação iniciou nesta quinta-feira e segue até sábado no Colégio Sinodal e na Unisinos, com a participação de mais de 920 profissionais de educação de todo Brasil
Mais de 920 profissionais de educação, de 45 escolas da Rede Sinodal de Educação de diferentes Estados e regiões do Brasil estão participando do 34º Congresso da Rede Sinodal de Educação, organizado e sediado pelo Colégio Sinodal. O evento nacional iniciou na tarde desta quinta-feira (18) e segue até a manhã de sábado. Com o tema “Conexões com o novo: pertencer, refletir, agir”, palestras, painéis e minicursos estão divididos no Sinodal e na Unisinos.
O diretor geral do Colégio Sinodal de São Leopoldo, Ivan Renner, valorizou a retomada do evento presencial depois das restrições impostas pela pandemia e dos episódios climáticos que assolaram o Estado. Nas boas-vindas aos congressistas, falou sobre o atual cenário educacional. “A educação está em constante evolução, com avanços tecnológicos, novas formas de aprender e crescer e a promessa fascinante e controversa da inteligência artificial. Como educadores, somos chamados a refletir profundamente sobre como honrar nossa tradição enquanto preparamos voos em direção ao novo. Somos desafiados a imaginar como nossas salas de aula se tornarão pistas de decolagem para o amanhã, trilhando um caminho que entrelaça a sabedoria do passado com a curiosidade do presente, capacitando nossos alunos a alçar voos ao desconhecido com coragem, responsabilidade e discernimento. O ato de educar é mais do que um privilégio, é uma grande missão de orientação e condução dos alunos para um futuro incerto, mantendo-nos firmes na nossa identidade”, disse.
Pertencimento
O painel de abertura destacou “Pertencimento: escola, lugar de conexão entre passado, presente e futuro”, com mediação da professora e Doutora em Educação, Lúcia Schneider Hardt. O assunto foi abordado por três painelistas sob diferentes óticas.
Tradição
O professor, escritor, pastor da IECLB e Doutor em Teologia, Martin Dreher, falou sobre “Identidade Luterana, pertencimento e fuga do individualismo”. Na sua apresentação, lembrou a origem da RSE e sua longa tradição de educação formal, com contribuição pioneira na história da educação no Brasil. “No Rio Grande do Sul, por exemplo, em 1824, a Província mantinha uma única escola a partir dos cofres públicos, o Colégio Militar, em Porto Alegre. Foi por isso que, no Brasil, luteranos assumiram a função do Estado, criando e mantendo escolas. Foram cerca de 1,4 mil as escolas criadas pelo mundo da imigração. É verdade que foram, violentamente, tolhidas pelo Estado brasileiro que as encampou, quando não encerrou suas atividades. Seu legado, contudo, permanece acentuado nas escolas da Rede. Elas têm o compromisso de acentuar os princípios formulados no passado, traduzi-los para o presente e apontar para um futuro”, ensinou.
Princípios
O Mestre em Teologia com ênfase em Educação, Diretor Geral da Associação Educacional do Bom Jesus (IELUSC) e integrante das diretorias da Associação Brasileira de Universidades Comunitárias, da Associação Brasileira de Instituições Educacionais Evangélicas (ABIEE) e do Sindicato das Escolas Particulares de Santa Catarina, Sílvio Jung, falou sobre “Pertencimento à Rede Sinodal de Educação, compromisso com os princípios luteranos”. Com detalhes históricos, ele tratou da origem, das dificuldades, do desenvolvimento e do futuro das instituições sinodais. “As primeiras escolas, instituições que nem de longe se aproximam do que hoje entendemos por elas, surgiram nas casas das famílias e nas comunidades nos primeiros anos de instalação dos imigrantes luteranos. Igreja, escola e vida comunitária eram extensões uma da outra. A ausência quase absoluta de professores foi suprida por pastores e membros da comunidade limitados para o trabalho braçal”, recordou, citando o surgimento da RSE. “No início dos anos 2000, o intuito foi aumentar mais o trabalho conjunto. Surgiu o nome Rede Sinodal de Educação e com ela novos programas, em especial no âmbito da atuação estratégica e investimento em formação continuada de docentes, em sua maioria sem vínculos com o luteranismo. A busca foi por uma identidade que pudesse ser teorizada e, assim, ao alcance de professores e da comunidade em geral”, complementou.
Vínculos
O psicólogo, psicanalista, professor, escritor e Doutor em Ciências Médicas, Julio Walz, abordou o tema “Construção de senso de pertencimento na escola”. De maneira didática, ele relacionou o tema à saúde mental. “O sentimento de pertencimento é a construção afetiva e simbólica de um vínculo que me apoia e me sustenta ao longo da vida. Uma espécie de identidade diante de todo o processo de existir. É um lugar de refúgio nem sempre perceptível, mas que oferece abrigo emocional”, explicou, ao que também alertou para o desafio das escolas com o desejo de “des-envolvimento” dos estudantes. “Assim como queremos ter nosso núcleo, queremos ir além dele. Queremos sempre ampliar horizontes. Ser diferentes. E aqui dá-se a tarefa mais complexa: como reagimos a esse desejo de ser além dos nossos alunos? Talvez construir o pertencimento a gente saiba. Mas o conflito do ‘des-envolvimento’ precisamos refletir melhor e construir ações de cuidado com ele, inerente ao convívio e à natureza humana. A simultânea e natural necessidade de pertencer e o desejo de romper esse pertencimento”, frisou.
Valor
A coordenadora pedagógica da RSE, Renati Fronza, e o diretor executivo da Rede, Jonas Rückert, conversaram com a plateia sobre “Proposta de valor da Rede Sinodal”, quando trouxeram um panorama sobre a infraestrutura e área de atuação da RSE, indicadores e metodologias de trabalho. “Queremos estar em rede, conectados, olhando para as perspectivas que nos trouxeram até aqui e para as que queremos alcançar. Somos uma Rede de pessoas para pessoas”, frisou Rückert, mencionando o Planejamento Estratégico da entidade, sua missão, visão e princípios.
Destaque para os mais de 46 mil estudantes, 3,9 mil professores, mais de 3 mil funcionários e a concessão de 9,6 mil bolsas de estudos que representaram, no exercício de 2023, R$ 88,2 milhões.
Renati frisou os eixos de desenvolvimento, divididos em formação humana, aprendizagem criativa e inovadora, currículo dinâmico, multilinguismo e liderança. Nessa linha enfatizou, entre outros exemplos, o desempenho dos estudantes da RSE no ENEM, cuja média de notas é superior à média da rede privada nacional ou nos estados do RS, SC e PR. “Entre outros aspectos, isso é reflexo do fazer pedagógico diferenciado e qualificado, com formação humanística que está alicerçada em quatro pilares das diretrizes da política educacional da educação evangélico-luterana: relacional, institucional, conhecimentos e metodológicos”, enumerou.
Programação cultural
O primeiro dia de atividades encerrou com programação cultural e show de Simão Wolf, acompanhado da Orquestra Sinodal, seguido de jantar de confraternização.
O evento terá continuidade nesta sexta-feira e sábado, com palestras e minicursos/oficinas, cujas temáticas priorizam tendências em educação e oportunizam a troca de experiências entre educadores de todo o país. O evento também contribui para a reflexão crítica sobre a prática pedagógica e o desenvolvimento de novas habilidades para os desafios da educação contemporânea. A programação completa está disponível no site www.congresso.sinodal.com.br
TEXTO – Leandro Augusto Hamester