34º Congresso da Rede Sinodal de Educação: A inteligência artificial na educação traz desafios e novas possibilidades

Tema pauta apresentações sob diferentes perspectivas

“Os educadores não têm o direito de preparar os estudantes para um mundo que não existe mais.” A frase é impactante e disruptiva, trouxe perguntas e respostas na abertura do segundo dia do 34º Congresso da Rede Sinodal de Educação, que ocorre de 18 a 20 de julho no Colégio Sinodal e na Unisinos, em São Leopoldo/RS.

O tema pautou a fala de Tiago Mattos, escritor e internacionalmente conhecido como expert em futuros, que proferiu a palestra “Os futuros da educação”. O evento ocorreu na manhã de sexta-feira (19) no Anfiteatro Padre Werner. “As pessoas se assustam e negam a tecnologia, não estão letradas para ela. Não conseguimos traçar o futuro pois ficamos apegados ao passado, e as escolas não podem ser instituições com visão do passado~, destacou Mattos.

Ele apresentou “leis dos futuros”, trazendo exemplos em desenvolvimento ou que já existem em diferentes ramos, inclusive na educação. “Um futuro imaginado não pode mais ser desimaginado. Uma vez imaginado, ele automaticamente influencia o seu presente. Portanto, quanto mais eu imagino futuros, mais me corrijo no tempo. E como eu aplico as leis dos futuros na aprendizagem?”, questionou.

Mattos valorizou as “boas ideias”, frisando que não existe mais um início ou um fim numa aula. “É algo orgânico, não-linear e imprevisível. O educador tem um compromisso com a próxima geração, que tem a capacidade e a possibilidade de aprender mais e mais rápido. Quem ganha com isso é o estudante com a personalização da aprendizagem”, disse, diferenciando educação como “uma para todos” e aprendizagem como “uma para um”.

“A decisão está com os professores e as escolas em personalizarem ou não. Cuidado com os pessimistas, eles sempre encontram algum problema para qualquer solução. Precisamos estar livres para imaginar, explorar possibilidades e tentar sensibilizar quem não é livre. Só é livre quem consegue trazer à mente o que os sentidos não captam, isso é imaginação. Quando imagino o que não existe eu sou verdadeiramente livre. A aprendizagem deve preparar a nova geração para ser livre, não estar presa à concretude do presente. Se não anteciparmos futuros estamos vivendo o passado no presente. Esta geração está pronta para devorar o mundo, o professor e a escola que deixarem um legado transcendem a própria existência”, concluiu.

Inteligência Artificial

As palestras “Os desafios da educação em tempos de IA”, com o professor e escritor Marcos Raggazzi, mestre em Ensino de Ciências e diretor executivo do Bernoulli Educação; e “Resgatar nossa humanidade: criatividade e ambiguidade”, com o professor Gustavo Borba, Pós-Doutor na Escola de Educação do Boston College, completaram a programação da manhã de sexta-feira.

Para Raggazzi, “a escola do futuro é a escola de gente, a educação do futuro será feita por seres que fazem sentido à vida das pessoas”. Ele defendeu o conceito de que a escola é um espaço de experimentação, para as pessoas se descobrirem e serem descobertas, um espaço de pluralidade. “As IA’s permitem que o professore deixe, mais facilmente, de ser ‘dador de aulas’, transformando-se em mediador, empreendedor e inovador, tocando a alma da criança, transformando as ideias do adolescente, as vidas que estão à sua frente, o que a inteligência artificial não faz. A IA deve ser nossa aliada, e não inimiga”, defendeu, acrescentando que a escola do futuro é a escola do criar, do elaborar, do produzir, do inventar

Nessa mesma linha, Borba frisou que “a inteligência artificial nunca vai substituir o afeto”. Ainda defendeu a pluralidade, a diversidade como potencial de aprendizado. “Precisamos ter pessoas diferentes em sala de aula. Se o professor tiver a capacidade de enxergar a riqueza da diferença, não será substituído. Vivemos o paradoxo da inovação: buscamos inovar reforçando times iguais, com os melhores alunos, professores, profissionais, mas todos com a mesma formação, sem diversidade, quase sempre homens, quase sempre brancos. E o que temos na prática é o oposto: uma disputa por qual ideia vence, e o resultado é que identificamos caminhos nas estradas já criadas. A inutilidade de um drible, a inutilidade do vazio, a disciplina do curso que foge do esperado, a possibilidade de brincar são espaços para desenvolver o novo”, explicou, finalizando que é essencial que “valorizemos o que temos de melhor, que é a gente”.

O evento teve, na tarde de sexta-feira, minicursos/oficinas, cujas temáticas priorizaram tendências em educação e oportunizaram a troca de experiências entre educadores de todo o país. O encerramento será na manhã de sábado com a palestra “Conexões com o novo” e explanação sobre a jornada do Congresso. A programação completa está disponível no site www.congresso.sinodal.com.br

TEXTO – Leandro Augusto Hamester

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